Proteção Animal
A incrível sensação de resgatar um animal da rua
O resgate de animais de rua não é mais uma exclusividade de entidades de proteção animal, muito menos de agentes de centros de controle de zoonoses.
A quantidade de animais abandonada nas ruas é tão grande, sobretudo da população de cachorros e gatos, que, cada vez mais, pessoas sem nenhum vínculo com ONG´s de proteção animal estão fazendo resgates.
Resgatar um animal das ruas, normalmente doente ou ferido, pode trazer um sentimento de gratificação muito grande a quem o faz, uma sensação de dever cumprido e uma enorme satisfação.
Mas, nem sempre é assim. Algumas atividades podem provocar a sensação de estar “enxugando gelo”. Isso é muito comum quando há uma demanda muito grande. Policiais que prendem traficantes sabem que aparecem mais 10 a cada 2 presos. Pessoas que resgatam animais também vêem o número de abandonos crescer e se multiplicar dia após dia. E atingindo sua capacidade máxima, sentem-se impotentes e frustradas.
Algumas destas pessoas acabam se tornando protetoras de animais, guiadas por diferentes motivações.
Fuga
Algumas pessoas, descontentes com suas vidas e com as relações com outros seres humanos, dedicam-se inteiramente à atividade de resgatar e cuidar de animais carentes.
Em geral têm pouco contato com familiares, poucos amigos e quase nenhum lazer.
São pessoas que dizem gostar mais de animais do que de humanos e vêem neles sua razão de viver.
Frequentemente sentem-se amarguradas e frustradas por não conseguirem fazer mais do que já fazem.
Sentem que sua vida perderia todo o sentido sem seus animais, Todo o resto fica em segundo plano, como o casamento, filhos, netos e cuidados com a própria saúde.
São pessoas que encontram refúgio nos cuidados com os animais, a ponto de não terem tempo nem energia para lidarem com suas questões pessoais.
Em casos mais graves, estas pessoas podem se tornar acumuladoras e levar estes animais a viverem A triste realidade dos animais de acumuladores
Vaidade
Com o crescimento das redes sociais nos últimos anos, muitas pessoas acabaram se envolvendo com resgates e ajuda a animais abandonados e se tornaram protetoras de animais.
Formou-se então uma nova Sociedade Protetora dos Animais onde os membros possuem, no mínimo, um perfil no Facebook. Muitos no Instagram, entre outras redes, em que os casos de abandono são denunciados por pessoas de diversas localidades e compartilhados incessantemente até que algum “herói” apareça e resolva a situação.
Com isso, assistimos diariamente uma acirrada competição: quem resgata mais, quem faz mais adoções, quem tem mais prestígio. Quem tem mais curtidas, comentários e compartilhamentos nos seus posts. Quem recebe mais elogios e mais ajuda financeira de terceiros.
Discussões sobre ética também são comuns. Protetores falando mal uns dos outros, formação de grupos de aliados e inimigos, duelo constante de egos.
Sim, algumas pessoas fazem resgates por reconhecimento, fama e prestígio, até mesmo como uma porta para a entrada na vida política.
Outras não se importam com a repercussão social de suas atividades, mas se envaidecem ao sentirem seu “poder” sobre criaturas indefesas. A dependência de um animal sob seus cuidados as fazem sentir-se importantes, úteis e necessárias. Muitas vezes elas não se sentem assim em relação a outros seres humanos.
Um ato de amor
Felizmente muitas pessoas amam verdadeiramente os animais. Possuem a consciência de que eles são seres sencientes. Afinal eles têm sentimentos, percepção, sentem amor, medo, dor, frio, calor, fome, tanto quanto os humanos. Assim, ficam sensibilizadas ao tomarem conhecimento do seu sofrimento.
Não se sentem frustradas, pois o foco principal está em suas realizações, nos casos em que ajudaram, e não naqueles em que nada puderam fazer.
Não estão preocupadas em receber reconhecimento de outras pessoas. O simples olhar de gratidão de um animalzinho, ou o fato de vê-lo saudável e recuperado, já é o suficiente.
É preciso mesmo muito amor para lidar com o que vem depois de resgatar em animal:
Levar a um veterinário
Arcar com custos de consultas, exames ou até mesmo uma internação, uma cirurgia
Providenciar medicamentos, alimentação, local de permanência, vacinas, castração e adoção.
Tudo isso muitas vezes sem ter recursos próprios e depender da ajuda de terceiros. Considerando também que nem todos os casos têm um final feliz, pois alguns animais não chegam a se recuperar ou não adotados.
Buscando o equilíbrio
É importante ressaltar que as pessoas que amam verdadeiramente os animais poderão em algum estágio de sua vida buscar a FUGA de seus problemas ao resgatar animais. Podem eventualmente envolver-se em discussões éticas com outros protetores ou deixar a VAIDADE falar mais alto em certos momentos.
Não necessariamente quem se reconhece em momento de FUGA ou de VAIDADE não sinta amor pelos animais. Deve, porém, buscar o equilíbrio para dar continuidade ao trabalho. Até mesmo sair dele, para que os animais não sejam prejudicados.
Não somente as pessoas que resgatam ou as que cuidam de animais são as que os amam verdadeiramente.
Fica então aqui um convite à reflexão:
Para quem faz resgates: Qual a sua motivação?
Para quem não faz resgates: Será que posso fazer?
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