Comportamento
Meu cachorro morreu, e agora?
O luto é uma experiência muito individual. Quem já passou por isso sabe que se trata de uma dor real. Perder um cãozinho querido é muito difícil. Este artigo foi feito para que você saiba que não está sozinho nessa e que algumas atitudes podem te ajudar.
Às vezes podemos ser acusados de sofrer mais pela perda de um cachorro do que a de um membro da família, até mesmo mãe ou pai. Algumas pessoas realmente não entendem. Por isso mesmo muitos já ouviram a famosa frase “mas era só um cachorro”.
Meu cachorro morreu – só um cachorro?!
Hoje em dia a interação com o cachorro e a importância que damos a ele é diferente do que era no passado. Ele passou a ser visto como um verdadeiro membro da família, não mais aquele que ficava somente no quintal e comia os restos da comida da casa.
Estamos vivendo tempos difíceis. Mesmo com toda a tecnologia à nossa disposição, em geral, temos mais a fazer do que somos capazes. Não é raro no sentirmos sobrecarregados e isso afeta também o relacionamento com outros seres humanos, tanto amigos como membros da família, namorados ou cônjuges.
Os cães acabam exercendo um papel terapêutico em nossas vidas. Muitas vezes nossa relação com eles é a melhor e mais saudável que temos. Não é assim para todos, mas, para muitos, um cachorro acaba se transformando numa extensão de nós mesmos.
Você já se perguntou porque não sente nenhuma pena do seu bolso ao gastar com o seu cachorro, seja com um brinquedo, uma caminha ou uma consulta ao veterinário? Enquanto isso, você se lamenta por ter comprado um casaco para você? Sim? Então sabe do que estamos falando.
Mais difícil ainda é quando você tem só um ou poucos cães e tem uma proximidade muito grande com ele(s). Você o vê como alguém que te ama do jeito que você é. Você não precisa disfarçar emoções, nem se preocupar que um dia ele vá deixar de te amar, porque sabe que isso não acontece com os animais, como acontece com os humanos. Um cachorro te faz parecer a melhor pessoa do mundo.
Quantas pessoas fazem você se sentir raro, puro e especial? Quantas pessoas fazem você se sentir extraordinário? – John Grogan (Autor de Marley e Eu)
Meu cachorro morreu – ele vai fazer falta
Apesar da responsabilidade nos cuidados com ele, é muito bom se sentir especial para alguém. Ser importante e fundamental na vida dele. Agora, imagine perder tudo isso…
No fundo, a gente sabe que a perda é somente física, que ele continuará presente em nossa vida e em nosso coração enquanto vivermos. Mas sabemos que a saudade vai incomodar e por um bom tempo. A nossa rotina vai mudar e teremos perdido uma convivência preciosa.
Para nós humanos, especialmente em nossa cultura ocidental, aceitar a morte com naturalidade é uma realidade ainda muito distante.
Tratando-se de um animal de estimação, que tem a expectativa de vida bem menor que a nossa, fica ainda mais difícil.
É estranho pegar um cãozinho ainda filhote, cheio de vida e energia, vê-lo se tornar um adulto e depois um velhinho, enquanto continuamos “quase” do mesmo jeito. Envelhecemos só 12 a 14 anos em média.
Mesmo que já tenhamos conhecido esse cachorro mais tarde, já em sua fase adulta ou no final de sua vidinha, ainda trazemos conosco a impressão de que eles são eternas crianças.
A idade avançada de um cão traz também a necessidade de maiores cuidados e a compaixão, o que, muitas vezes, aumenta ainda mais a empatia com eles.
No final das contas, mesmo que o cachorro não tenha vivido conosco desde filhotinho, e que nem mesmo tenha falecido doente ou velhinho, ele fará mesmo muita falta, porque em muito pouco tempo de convivência, já terá ocupado um espaço enorme em nosso coração.
Meu cachorro morreu – e se eu me sentir culpado?
É bom quando temos a sensação de dever cumprido, a certeza de termos feito o melhor possível. Mas, isso varia de pessoa para pessoa, do grau de exigência e expectativa que temos com relação a nós mesmos. Por isso, em alguns casos além da dor da perda, ainda há a dor da culpa.
Se você acredita que fez alguma coisa errada ou que deixou de fazer alguma coisa certa, o melhor nesse momento é deixar para analisar esta questão bem mais para frente. A sua dor vai ser amenizada com o tempo, embora você possa ter a impressão de que nunca será. Daí você vai ter uma clareza maior em relação à sua suposta culpa. Somos humanos e falhamos mesmo. A culpa não nos deixa seguir adiante. Para isso, existe o arrependimento, que nada mais é do que o reconhecimento do erro, acompanhado do perdão.
Meu cachorro morreu – o que fazer para aliviar essa dor?
Bom, aliviar a dor é bem difícil, sobretudo nos primeiros momentos. Mas, algumas coisas podemos fazer para superar essa fase terrível sem causar estragos maiores.
1 – Conversar com alguém que te entenda
Não dá para conversar com quem não entende a extensão da nossa dor e tenta minimizar a importância do que estamos sentindo. Procure os amigos que também gostem de cachorros, eles encontrarão palavras de conforto ou, no mínimo, terão paciência para te ouvir.
2 – Aceitar a dor e chorar muito, sempre que der vontade
Engolir o choro e disfarçar o sofrimento, por se tratar de um animal, pode prolongar ainda mais o luto. Chorar não é sinal de fraqueza, é extravasar as emoções.
3 – Refletir sobre o tempo vivido com esse cachorro
Procure dar ênfase aos bons momentos vividos juntos. Isso vai te dar a sensação de ter valido a pena e de compensação sobre a dor e a tristeza dos momentos finais.
4 – Procurar levar a vida adiante, sem esquecer das necessidades básicas
Tente se alimentar bem e dormir bastante. É o mínimo que uma pessoa pode fazer para garantir o bem estar físico e se recuperar da tristeza.
Caso tenha outros animais, procure manter a rotina com eles. A rotina nos dá uma sensação de estrutura e estabilidade.
5 – Criar um memorial
Algumas pessoas resolvem escrever uma carta a eles, outras guardam seus pertences em alguma caixinha especial, outras fazem álbuns de fotos. Há também as que criam um site em homenagem ao ente querido (eu, rsrsrs). Minha história com o Prince é o artigo onde conto toda a minha trajetória com aquele que considero minha alma gêmea canina.
Hoje em dia, há também que faça velório e enterro, pois já existem cemitérios de animais de estimação.
Não há uma forma certa ou errada, apenas aquela que pode trazer mais conforto.
Meu cachorro morreu – devo adotar outro?
Adotar outro cachorro pode ser uma boa idéia para alguns e não tão boa para outros.
Alguns decidem adquirir um animal parecido fisicamente, da mesma cor e raça. Outros decidem nunca mais ter um cachorro para não passar por essa experiência tão dolorosa de novo.
De qualquer forma é sempre bom lembrar que cada animal é único e um não vai substituir o outro, embora a presença de um novo animal posso ajudar bastante.
Na maioria dos casos é recomendável aguardar algum tempo, sentir primeiro alguma recuperação, até para não colocar uma expectativa que não poderá ser cumprida por um novo amiguinho.
Considere a idéia de adotar um que seja diferente do anterior que partiu. Se possível com outras características físicas. Começar uma nova história de amor, com um outro ser e preservar a memória do que se foi sem interferências, pode ser uma boa estratégia.
Considere também adotar um cãozinho abandonado, que esteja vivendo nas ruas ou em abrigos. Eles têm muito amor para dar e muita vontade de receber todo o amor que está em seu coração.
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